Bajara Teatro de Encantarias

Bajara Teatro de Encantarias

Teatro Ritual


Apresentação "Vento ao leste" no terrno baldio Ocaruçu out/2012


 As avenidas que atravessaram os caminhos durante as entranhas que se abriram até aqui, devem a sua carona ao marco da velocidade imóvel. Não podemos ser ingratos aos deslocamentos que nos transferem, apesar deste atual modelo transfigurar paisagens/pessoas... as fontes da vida canalizada apenas sugerem, no seu “estilo de vida”, a memória das civilizações que, como elas, seguem o fluxo em um cano subterrâneo alimentando vícios e existências.

 O processo, digamos, desconstrutor, da intervenção cênica Vento ao leste, enquanto sopra o tempo me permitiu dar mais um passo de encontro aos abismos existentes entre o ser vivo/ser lugar e suas extremidades.

  O convite feito do SESC Itaquera ao coletivo ALMA dentro do projeto Barravento, realizado pelo Núcleo de Integração e Gestão Ambiental foi a ponte para nos reabilitarmos naquele espaço. O evento Arvore Ser reuniu diversas manifestações artísticas e educativas para propor um diálogo com o público de passagem sobre os propósitos de plano de manejo da área. Uma intervenção performática que simbolizasse a árdua travessia tecnocrata  da retirada de eucaliptos ao plantio de árvores nativas.

  A partir deste prisma navegamos por alguns lugares onde reconhecer o não lugar foi o barlavento que nos guiou aos sentidos híbridos do termo Barravento. E dentro do que permite de um lado e não permeia de outro, foi necessário desconsiderar relações diretas com o histórico de ocupação populacional da área em questão, localizada na APA do Carmo.

  Tínhamos pouco menos de um mês. Passamos pelas desconjunturas  capitalistas na ocupação dos territórios humanos, nas relações engenhosas da imobilização dos espaços, pelo dilatar da pupila com Glauber Rocha, os ritos de passagem com Maura Baioochi, nas ruas com os tráfegos,  camelódramos, clows, viadutos e penhascos. Paramos em nós, diante um lugar desconhecido, inóspito e habitado. 

  Uma quase réplica de jangada foi construída com troncos da jovem morta e desconhecida árvore seca, aos trancos e barrancos que transitam entre refugo, entulhos e vestígios de terra. 

  Assim demos início a travessia. O camarim era o ponto de partida do homem/tronco/ a ser loteado ao homem/ser/de algum lugar. Seus passos estreitamente vigiados impermeabilizavam o trajeto de maneira que as pessoas se aproximassem sem compromisso. 

  Cinco mulheres que o plantaram em algum ventre, se desfaziam do território físico como grandes empreendedoras de um futuro próspero ao mesmo tempo em que, carregar o corpo daquele homem era o símbolo das mortes que as superavam: medos, angústias, vazio, apegos, verdades, contradições...

  Vento leste, enquanto sopra o tempo passou a ser a cada passagem, aquele corpo cimentado que o mar devolve. A morte do que sempre renasce, do mesmo pó ou em outro continente, de outras formas ou em muitas línguas. Um mosaico de cacos de espelhos e vísceras. 

Elenco
Ana Rolf
Nayê Mello
Maria Cecília Mansur
Letícia Leal Amoroso
Thabata Ottoni
Mauro Grillo Gentil

Trilha sonora
Nayê Mello
Letícia Leal Amoroso
Cia Porto de Luanda
Imagens
Eliana Maurelli

Concepção e Roteiro
Thabata Ottoni

Produção
Coletivo ALMA











Description: http://img.uol.com.br/x.gifFotos de Aloysio Letra e Renata Teixeira



Oficina: Teatro e Memória das Águas

Aulas abertas: visitando os lugares da infância nas memórias dos lugares
Bruna, Karen e Larissa. Jovens integrantes da oficina entrevistam a pescadora dona Deuselene às márgens do Tietê


Anuaê!


Daqui, um fragmento do processo e conclusao da oficina de Teatro e Memória das Águas realizada pelo projeto Ritos de Rios e Ruas do Coletivo ALMA, que teve o apoio do Ministério da Cultura e da EDP Bandeirantes. Uma turma ponta firme de adolescentes me orientou em torno de seus eixos e sob a literatura africana de Mia Couto navagamos pelas memórias ocultas das águas, no seu livro "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra".



Uma intensa jornada no fluxo dos afluentes do rio Tiête em busca de vestígios sobre a infância de suas nascentes: Jovens e Rios. Entre idas e vindas e lugares de tantas memórias, paramos em uma pontinha, entre uma estrada de terra e um horizonte de desenhar olhares na amplidão.
 Foram quatro meses de percurso para o nascimento da montagem " A passagem do Pôr do Sol" batizada por eles e que estreou neste ultimo sábado de agosto de 2012, sob as margens do rio Tiête menino, a passagem do pôr do sol mesmo (no horário dele) nos vales verdes que estreitam a passagem do bairro de Santa Catarina ao centro de Biritiba Mirim, local de todo o acontecido.











Assista ao vídeo fragmentos dessa passagem...