Bajara Teatro de Encantarias

Bajara Teatro de Encantarias

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"à sombra do merizeiro" no Café Filosófico Comunidade


       A breve chuva durante a estréia, em pleno céu aberto nas ruínas do museu, pareceu oferta dos
espíritos - um regador, para sementes dançarinas - e seguiu a primavera teatral.

     Após os primeiros botões de flor em Alter e São Braz, o grupo se apresentou pela terceira vez agora no auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), para o Café Filosófico Comunidade.
O evento, realizado na sexta-feira do dia 30/09, buscou promover o diálogo entre comunidade acadêmica e sociedade santarena, reunindo diversas apresentações de artistas e saberes locais, ligados a música,
cinema, fotografia, poesia, pintura, artesanato, gastronomia, filosofia e... teatro!

   A trupe Danças e Andanças aceitou o convite, e foi compartilhar suas memórias e esquecimentos, seus claros e escuros, seus pesos e levezas, enfim, seu mosaico de histórias, agora com o público de Santarém.
Segue a dança, segue a canoa, seguem as flores. À sombra do Merizeiro.



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

E o grande dia chegou!

"...Ao lutar com seus homens nutrindo os filhos do leito..."



    Com requintes da lua cheia iluminando as réplicas dos desenhos indígenas nas ruínas do antigo museu do índio, o espetáculo “à sombra do merizeiro” estreou depois de quase seis meses de processo criativo e de arte educação.
     O espetáculo foi fruto de uma oficina de iniciação teatral desenvolvida dentro do  projeto “Danças e Andanças” que reuniu duas turmas de diferentes comunidades (Alter do Chão e São Braz) em torno de estórias e histórias de vida dos povos da Amazônia em uma montagem de cunho ritualístico e intergeracional.



    E na noite seguinte foi a vez da Comunidade de São Braz receber os frutos de seu acolhimento. Para não perder a proposta de cenário vivo as águas que nos guiaram ao fundo dos rios pelas veias amazônicas, a beira do Igarapé do Balneário RP da Dona Maria Rosane, foi o palco da segunda noite que abrigou as estrelas que iluminaram as folhas trocadas no último dia do processo...




























Projeto Construsom na trilha sonora do merizeiro



                Andarilhos e Dançadeiros
Cauã Nóbrega
Valmir Nobre
Jade Nobre
Iaci Penteado
Fabiano Jucá

Ronaldinho Nobre
Danimara Queiróz
Elen Patrícia
Lairton Lucas
Glória Queiróz
Maria Cualene Santos
Woshington Elasio Cardoso
Zagalo Rocha
Andria Juliane
Gilmar Alves
Elisandra Cheiro
Investigadores de memória: Iris Gabriela Costa,Caroline Castro,Iaci Penteado,Aluá Faria,Nuíta Jasmim,Ahimsa Faria, Ezequiel Pereira,Tainá Nobrega,João Costa,Thabata Ottoni e Daniel Wegmann.
Entrevistados: Luzia Lobato, Civito Malaquias,Raimundo José Sardinha,Elson Correa,Maria Benedita,Rafael dos Santos,Cantino Ferreira, Maria Costa, Laurimar Leal, Ezequiel Pereira, João Costa e Elen Patrícia e Brenda Alves.
Colaboradores: Iaci Penteado,Juliana Balsalobre,Juliana Jucá,Jorge Indio,Conselho Comunitário de Alter do Chão,Maria Auxiliadora, Associação dos Moradores São Braz,Escola Municipal Boa Ventura,Adelina Vieira,Espaço Alter do Chão (Borô) Circo Alter, Arte Grupo Lago Verde,Thiago Oliveira,Suely Nobrega,Marcos Motta Abreu, Dr. César Macedo, Alessandra Faria e Allison Jone e Eugênio Scannavino Netto.
Figurinos: Juliana Jucá (Jujucá)
Iluminação e imagens: Phillipe Urvoy
Designer Gráfico: Marcos Motta Abreu
Construção das máscaras: Elen Patrícia,Cauã Nobrega, Maria dos Santos, Woshington Elásio, Mateus e Brenda Alves.
Orientação máscaras: Cauê Nobrega e Carlos Godoy
Músicas do espetáculo: “Bumba bumba”(música angolana de reverência as águas transmitida oralmente por Laurimar Leal) Homenagem ao Espanta Cão,Salve as folhas”(de Ildásio Tavares, álbum Brasileirinho Maria Betânia),A vida de Todo eles (de Thabata Ottoni e Daniel Wegmamm)
Direção Musical:Alan Cheto
Músicos: Participação especial do projeto Construsom com, Alan Cheto,Rafael Jucá, Daniel Wegmann e Catraca  Blue.
Produção: Danças e Andanças
Dramaturgia: Daniel Wegmann e Thabata Ottoni
Direção: Thabata Ottoni




 
                                                   fotos: Marcio Ramos e Phillipe Urvoy








sábado, 27 de agosto de 2011

à sombra das ruínas






    A sombra dos merizeiros e samaúmas segue alumiando as cenas dos últimos ensaios do espetáculo
" À sombra do merizeiro" que agora dança de nome e tudo do que nos alimentamos estes cinco intensos meses de processo, entre idas e vindas, faltas e recompensas, travessias e turbulências, brincadeiras e descobertas de todos os lados.

  Hoje fizemos o primeiro encontro nas ruínas do antigo museu do índio após alguns dias sob à luz do sol intenso carregando fragmentos dos seus escombros inspirados naqueles singelos trabalhos das formigas. De balde em balde, pedrinha por pedrona, juntando cacos e até restos de algumas peças que deveriam compor a paisagem interna do espaço.

    E no meio dos escombros um palco enterrado na areia branca, madeira e palha. Desenterra-lo foi como encontar um tesouro daqueles que buscamos no inconsciente da nossas ações, sem saber ao certo o significado dessa busca e dos valores que encontramos...




  Resignificar um espaço degradado é como encontrar sobreviventes diante a uma tragédia. E em meio a um contexto cultural onde o massacre a cultura índigena perpetua em seus diversos níveis (exemplo a Belo Monte) um resto de museu sob os escombros da memória desses povos e suas desmoradas nos leva refletir sobre os valores que conduzem ao esquecimento.   As ruínas como um reflexo do que somos e onde estamos. Do que foi e do que estaria ( e está por vir) do que existiu e o que pode continuar a existir...e resistir.

  Compartilharemos em mais detalhes a partir do teatro que nos coube enquanto um, enquanto o outro, alguma dessas impressões, invenções e reinvenções desta realidade imaginada.












sábado, 30 de julho de 2011

Máscaras e momentos


Visagens sob as máscaras


Ensaio geral no Centro Comunitário de São Brás





Criando um corpo


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Processo Criativo


É com satisfação que compartilho um gostinho agridoce de processo criativo, onde todo mundo põe a mão na massa e o teatro acontece por todas as vias respiratórias e transmutáveis.
Durante este período de junho transmutamos lendas, imáginários  e suas origens em contexto histórico transmitidos via protagonistas como Dica Frasão, Luzia Lobato, Laurimar Leal, Civito Malaquias, Poliana, Elen Patrícia, João, Ezequiel... Ao total foram mais de 30 encontros entre ensaios, trabalhos de campo e produção.

Agora respiramos cada partícula do ar em movimento que indica os próximos passos da construção do nosso roteiro dramaturgico, figurinos e cenário.  Uma fase decisiva para definirmos o esqueleto deste corpo-espetáculo que nasce com as dificuldades e cresce com as muitas mãos que dão vida intensa a este grande processo artístico a partir da valorização sociocultural.




                                                                        


Poliana em cena


revendo imagens das entrevistas


olhares e gerações


Dona Luzia Lobato com seus pães, licores
  muitas histórias e cantorias


histórias, personagens e dramaturgia do corpo



jovens como Glorinha e Eduardo arriscando improvisos
em cima das lendas contadas e revividas por quem realmente viu o acontecido...





 E para saudarmos as sonoridades deste processo criativo por meio do Interações Estéticas, nada como uma interação entre o projeto Danças e Andanças e o  projeto Construsom- Construindo Sonoridades, ambos contemplados pelo mesmo edital da FUNARTE e desenvolvido em parceria com o mesmo Ponto de Cultura . Os sons desenvolvidos no Construsom poderão ser a sonoplastia e trilha sonora das nossas andanças cênicas pelas comunidades que vistarmos durante a circulação do espetáculo, que está prevista para ser realizada durante todo o mês de agosto.
O objetivo da circulação é levar a experência para algumas comunidades indígenas, ribeirnhas e quilombolas localizadas no município de Santarém.

 Uma roda de contação de histórias será sugerida ao publico a cada apresentação para que possamos a partir da troca de saberes, registrar as lendas e imaginários regionais. No final do projeto pretendemos ainda produzir um vídeo documentário a partir das imagens coletas ao longo de todo o processo e distribuir este vídeo nas bibliotecas  comunitária e escolas municipais. Estas duas propostas ainda estão dependendo de possíveis apoiadores. Estamos confiantes na importância desta realização na qual seguimos somando esforços para que aconteça da melhor maneira a partir dos recursos que forem disponíbilizados.

vamo que vamo!

Alan Queto musico e idealizador do projeto Construindo Sonoridades desenvolvido
 a partir da construção de instrumentos não convencionais


Canoa musical, berimbal pedalizado é um dos instrumentos
 feitos por músicos e aprendizes muito criativos


domingo, 5 de junho de 2011

"De passo a passo, passo..."

          E de tantas histórias ouvidas e revividas,  os grupos já escolhem as que vão fazer parte da construção das cenas e da dramaturgia desta montagem memorial e intergeracional.
    
          Uma das boas novas é que a  comunidade de São Braz conhecida por seus eixos fortes, igarapés e o festival do tacacá, recebeu de braços abertos as andanças cênicas deste rumo que se segue. E mais uma turma entra na dança com a geração que faltava: os adolescentes.

         Nessa mesma semana iniciamos também o processo criativo da construção dos figurinos, onde a fonte de inspiração e muita poesia, foi a senhora Dica Frazão, uma grande artesã da região de Santarém que com os seus 94 anos teceu e continua tecendo muitas histórias por meio das suas costuras vivas. Dica produziu por mais de 50 anos roupas feitas a partir de plantas como o patchouli, malva e hoje mantém o seu museu vivo, com a artista homenageada em vida, o Museu Dica Frazão.

       Adelina, uma das jovens investigadoras no processo e recém aprendiz da Dona Dica, vai dar uma super força nos figurinos a partir da sua experiência em costura, contando com a produção coletiva e a orientação oral, sensorial e poética da jovem senhora. Uma falha médica roubou as cores de um de seus olhos e Dica não ensina mais a costura por meio da costura, um fato que felizmente não apaga a necessidade de deixar pra semente aquilo que aprendeu como a própria semente.

    As Andanças conta ainda com a parceria  do professor de história e pesquisador Daniel Wegmann, que além de nos guiar a alguns personagens memoriáveis dentro de sua pesquisa, ele orientará a nossa dramaturgia.

    E de tantos em tantas emoções e desafios, esse mês de junho promete algumas surpresas boas depois de tanto suor que se escorre sob este sol que nos nortea...




memórias que navegam sob as histórias do jovem catraieiro Rafael
aos ouvidos de João e Carol
 

Dona Maria e tia da Iris, uma das jovens investigadoras




mãos que tecem gerações
Adelina e Dona Dica
Sr, Civito, fundador do famoso bloco de rua "Espanta Cão" 

Museu e memória viva